E o seu cheiro continua impregnado no quarto, mesmo após a batalha, mesmo após a guerra de tantos meses. E que batalha foi essa? E qual guerra que se dá sem armas? Eu bem tentei te manter entre os nossos lençóis -agora meus-, entre as minhas carnes e a nossa vida -agora minha. Mas você estava cansado demais dessa nossa mesma rotina -minha rotina.
Agora você deixa seu cheiro nos lençóis de outra; explora as carnes de outra por todos os lados -cada canto, cada fenda-, como um dia fez comigo.
Eu bem tentei... Foi a batalha em que eu lutei sozinha pra manter seu cheiro nos meus lençóis, seu corpo entre minhas carnes e seu calor em minha vida. Eu bem tentei te engaiolar, mas você é passáro demais pra ser livre dentro de uma gaiola.
Batalha
21.2.10
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Marcadores: Cartas
16.2.10
-É triste, não é?
-O quê?
-As folhas caindo; o amor sendo esquecido; o sofrimento; a dor.
-É bonito.
-Só é bonito quando está no papel. Ou você acha bonito quando você está triste?
-Acho.
-Acha?
-Acho.
-Como?
-Existe beleza em todos os sentimentos, basta você ter vontade de enxergar.
-E como se faz para ter essa vontade?
-Eu não sei.
-Como não sabe?
-Não sabendo, oras.
-Então você não sabe.
-Não sei o quê?
-Se realmente existe beleza em todos os sentimentos.
-Claro que sei. Eu vejo.
-Não, você não vê.
-Por que você acha que eu não vejo? Só por que você não vê?
-Não... Porque quem vê sabe o caminho para indicar aos outros. Você não sabe.
-É, eu não sei.
-Eu tinha tanta esperança...
-Esperança de quê?
-De que você soubesse.
-Ué, por que?
-Porque eu quero saber como é viver de verdade.
-Eu também.
-O quê você disse?
-Nada não.
-Será que um dia a gente consegue?
-Será?
-Talvez.
-Eu quero acreditar que sim.
-Eu também.
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Marcadores: Diálogos
Vontade de vida;
15.2.10
Sabe do que é que eu tenho vontade, Maria? Eu tenho vontade da vida. É, da vida. Essa coisa assim, tão bonita, tão intensa. Imagina só como não deve ser ótimo poder sentir, não é mesmo? Sentir o vento no rosto, bagunçando os cabelos; sentir a pele do outro tocando na sua, sentir o gosto, sentir o beijo. Eu já senti alguns beijos sim, e alguns toques também, diferente de você. Mas você também já sentiu o toque... Mas não é a mesma coisa, é? É tão frio, sem vontade. É diferente quando a Margarida toca o namorado dela e quando toca a gente, não é? É diferente quando ela beija ele, eu sei que é. Com a gente não tem calor, não tem amor. Não tem vida. Às vezes eu até acredito que quando ela me olha com aqueles olhos de mel transbordando amor é pra mim, mas é tudo ilusão. É tudo amor próprio, Maria. É tudo vontade de se ter, de ser dona de si mesma. É tudo vontade, poder. Diferente da gente, não é? A gente fica onde mandam ficar, onde colocam. A gente não vive, a gente só vê, observa. A gente não sente. Afinal, você é só uma porta e eu sou só um espelho. Um espelho com vontade de vida.
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Marcadores: Maria
